Surdez neurossensorial súbita idiopática: Tratamento com corticoterapia oral e análise de fatores preditivos de insucesso terapêutico

Resumen

Introdução:  A surdez neurossensorial súbita idiopática (SNSI) é considerada uma urgência otológica. Não existe consenso relativamente ao tratamento de primeira linha, no entanto, a corticoterapia sistémica mantém-se como o tratamento de escolha, embora associada a elevadas taxas de insucesso. 

Objetivo: Determinar a taxa de sucesso do tratamento primário com corticoterapia oral e identificar fatores preditores de insucesso terapêutico.

Material e métodos: Análise retrospetiva de casos diagnosticados com SNSI entre janeiro de 2016 e dezembro de 2021. O tratamento primário consistiu em corticoterapia sistémica durante 7 dias, com avaliação audiométrica à admissão e no sétimo dia de tratamento. Os limiares auditivos foram calculados pela média dos limiares tonais da via aérea (limiar tonal médio - LTM). A análise descritiva e estatística foi feita com recurso ao programa SPSS.

Resultados: Foram identificados 32 doentes com SNSI unilateral, diagnosticada em média 3±2,6 dias após o início dos sintomas, com LTM à admissão de 54,9±13,4 dB. A avaliação audiométrica ao sétimo dia mostrou um LTM de 44,9±19,7 dB. O tratamento primário com corticoterapia sistémica resultou em ganho auditivo médio de 11,6±12,4 dB. Verificou-se recuperação auditiva (definida por melhoria do LTM > 15 dB com LTM final < 45 dB) em 46,8% dos casos (n=15). Como fatores preditores de insucesso terapêutico obtiveram-se o grau de hipoacusia severo (LTM>71dB), duração dos sintomas superior a 7 dias e os fatores de risco cardiovasculares como variáveis associadas a pior prognóstico.

Conclusão: O tratamento de SNSI apresenta elevada taxa de falência terapêutica. Apesar das melhorias auditivas observadas nesta revisão, os resultados são ainda insuficientes. A presença de fatores de risco cardiovascular, hipoacusia severa e maior tempo de evolução de sintomas associaram-se a pior prognóstico.